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E a escola tem futuro?
Temos assistido recentemente ao debate sobre a educação, a escola e a família. E temos ficado surpreendidos ao ouvir dizer de altos responsáveis que a educação é assunto de família. Mas, a que família se referem? A famílias onde o “pequeno almoço” é a violência doméstica? A famílias que abandonam e maltratam os filhos? Estarão todas as famílias em condições de assegurar esta responsabilidade? Para além deste equívoco, esta perspetiva reserva para a escola o papel de mera transmissão de conteúdos. E que uso social dar aos conhecimentos? Um fazer sem valores, um fazer robotizado sem consciência ética?
Na filosofia ubuntu, existe este aforismo: “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Esta filosofia milenar africana diz-nos que é necessário mais do que uma pessoa para se educar uma criança. É pobre reduzir a influência educativa à família, por mais bem formada que esta seja. É certo que a família representa o “útero” que a criança precisa para se desenvolver. Mas, isso não retira à escola o seu lugar de excelência, o único espaço construído de raiz para cuidar do desenvolvimento das crianças. A educação visa preparar para se viver em sociedade e não (apenas) na família. Ao invés de se construírem muros, devemos antes procurar construir caminhos colaborativos.
in Correio da Manhã, Julho de 2022, p.22 (versão impressa) e aqui.
José Gregório Viegas Brás - Docente do IPLUSO
